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  1. A morte do roqueiro

    Monday, August 27, 2007

    Publiquei, Alto-Falante, um texto com as dez mortes mais rock'n'roll da história. O Daniel também publicou uma lista dele sobre o assunto.


    A morte do roqueiro

    A morte, tema recorrente em músicas de todos os estilos ao longo da história, é ainda, em pleno século XXI, um assunto tabu na vida social. Não se discute morte em mesas de bar. Pessoas que planejam o casamento desde antes de saberem se querem casar ou não, nunca se lembram de pensar em como vai ser o próprio velório.

    Pois bem, eu, que já organizei o meu funeral e não tenho problema nenhum em discutir assuntos nefastos onde quer que seja, penso que, como a música pop é recheada de alusões à morte e a auto-destruição é característica inerente a qualquer roqueiro que se preze, os nossos ídolos musicais deveriam ter uma morte à altura de sua arte. Claro, a sorte nem sempre favorece a todos, mas, no rock, temos uma grande quantidade de gente que morreu como merecia: no melhor e mais oldschool estilo rock’n’roll.

    Sem mais delongas para esta introdução extraordinariamente comprida, vamos, de uma vez, aos fatos. A lista a seguir - que encontra-se em ordem cronológica – contém as dez mortes mais legais da história da música. Perdoem-me as omissões que ocorrerão por culpa da minha ignorância ou falta de sensibilidade.

    Richie Valens (1941-1959) + Buddy Holly (1936-1959) – Acidente de avião que matou quatro músicos de uma vez. Ganhou um dia especial, descrito, anos depois, por Don McLean, como “the day the music died”. Apesar de ser o terceiro maior clichê assassino entre músicos (perdendo apenas para overdose e suicídio), o acidente fica registrado pela quantidade e qualidade perdidas de uma só vez.

    Mama Cass (1941-1974) – Uma morte cheia de mitos. Eu mesma já ouvi pelo menos três versões da história. O fato é que Cass sofreu um infarto depois de comer um sanduíche de presunto (com o perdão do trocadilho) que, dizem, foi o gatilho para o mal estar: reza a lenda que o mortal lanchinho disparou uma descarga elétrica na cantora.

    Keith Moon (1946-1978) – Morreu do maior de todos os clichês - a overdose. No entanto, sua morte ficou marcada por uma ironia interessante: Moon morreu semanas depois de lançar o álbum “Who are you”, onde aparecia, na capa, sentado numa cadeira com os dizeres: "Not to be taken away".

    John Lennon (1940-1980) – Preciso comentar?

    Marvin Gaye (1939-1984) – Foi assassinado. Pelo próprio pai.

    Chet Baker (1929-1988) – Foi encontrado morto, de madrugada, sozinho, na rua embaixo do quarto de hotel onde estava hospedado em Amsterdan. Não se sabe ao certo se Chet defenestrou-se ou foi defenestrado e nunca nada foi provado nesse sentido.

    Jeff Buckley (1966-1997) – Durante um passeio norturno às margens do Wolf River Harbor, rio afluente do Mississippi, Jeff decidiu dar um mergulho e afogou-se. Seu corpo ficou perdido durante três dias até ser encontrado por um turista. Para alguns pode parecer normal, mas, tratando-se de Jeff Buckey, não consigo imaginar uma morte melhor do que um afogamento. Fica registrada aqui pelo romantisco e sutileza e porque não poderia combinar melhor com a vítima.

    John Denver (1943-1997) – Apesar de ter morrido de acidente de avião, Denver entra nesta lista porque escreveu “Leaving on a jet plane”. Mesmo tendo lançado a canção anos antes da morte, vale pela ironia.

    Mark Sandman (1952-1999) – O líder da banda Morphine morreu de ataque de coração em cima do palco. Talvez um dos mais sortudos da lista, faleceu fazendo o que gostava, durante uma apresentação na Itália.

    Elliott Smith (1969-2003) – O mais macho de todos. Depois de uma peleja conjugal, a namorada de Elliott trancou-se no banheiro. Enquanto isso, o compositor se esfaqueava na sala usando uma faca de cozinha. Foram duas investidas contra o peito, o que me parece surpreendente, porque, se só a primeira já exigiria um movimento complexo, a segunda, imagino, não deve ter sido nada fácil. Um samurai contemporâneo.