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  1. La dolce (e calda) vita

    Tuesday, April 24, 2007

    Uma mulher decidiu dar um mergulho semana passada na Fontana di Trevi, em Roma. Tudo bem, ela não era nenhuma Anita Ekberg e estava pelada. Mas foi ovacionada mesmo assim.

    A notícia em inglês.

    A notícia em italiano.

    E, claro, como não poderia faltar, o vídeo.

  2. O Gráfico da Culpa

    Monday, April 09, 2007

    (Atendendo ao pedido do Gabriel)


    Depois de uma péssima noite de sono, entrecortada por sonhos estranhos que fariam cair o queixo de Luis Buñuel e preocupações que transformariam a história de Poliana numa simples comédia romântica, acordei atrasada para uma prova final importante.

    Antes de continuar a minha saga, desejo fazer uma breve pausa para um protesto. Não consigo compreender a mente de quem inventou essa história de que aulas devem começar às sete da manhã. Nem as aulas, nem o Papa, nem o John, nem o Paul, nem o Ringo (muito menos ele), enfim, nada nesse mundo deveria obrigar alguém a acordar a essa hora da madrugada. Estou certa de que o primeiro babaca que ditou essa regra era alguém que sofria de uma histeria tão profunda que provavelmente nem Freud, Adler e Jung juntos dariam conta, e mais problemático que este detestável indivíduo somente os outros que apoiaram a idéia.

    Como o perspicaz leitor já deve ter notado, eu não sou muito fã de acordar cedo. E foi enquanto eu dirigia para a faculdade hoje de manhã, me ocupando de driblar a minha ira contra esta imposição lamentável da vida acadêmica, divagando ao redor do sonho de um mundo ideal habitado de semelhantes notívagos, que eu fui parada numa blitz.

    Devo reconhecer que a minha direção não é exatamente a que se usa chamar de defensiva. Ao contrário, confesso que já excedi a velocidade, passei por incontáveis sinais amarelos e alguns outros vermelhos, estacionei na calçada e parei em faixas de pedestres. Resumindo, tudo o que um motorista sem educação já fez e, caso o leitor esteja se perguntando, não, não acho isso nada bonito. Mas uma infração que nunca cometi foi deixar de carregar comigo os documentos do veículo e minha habilitação.

    Infelizmente um sujeito chamado Murphy inventou uma teoria que se comprovou mais uma vez quando me peguei desprovida pela primeira vez dos documentos que a lei exige do condutor.

    Rodeada de policiais militares exibindo metralhadoras e armas de fogo que ignoro o nome (sendo esta, diga-se de passagem, uma das poucas ignorâncias minhas de que me orgulho e faço questão de preservar intacta), tentei explicar para a policial de unhas vermelhas, a Nilméia, que eu poderia ligar para casa e pedir a alguém para trazer o documento, que eu estava atrasada para uma prova importante na universidade, que estava tudo em dia, que eu era devidamente habilitada e esse tipo de conversa que a gente é obrigado a ter quando se vê envolvido em uma situação dessas.

    Depois de muitas tentativas de explicação, discussões com outros policiais acerca do meu caso, telefonemas para o que eles chamavam de central, consultas a outra central sobre a atitude certa a tomar com placas de outro estado (que é o meu caso), mais conversas entre eles e quarenta minutos de espera estressante que certamente fariam crescer alguns centímetros do buraco da minha úlcera, se eu tivesse uma, finalmente fui multada e liberada para ir embora.

    Absolutamente indignada por ter levado uma multa depois da confirmação de que o veículo era mesmo meu e que as contas estavam em dia e que a minha recém-renovada carteira só vence em 2010 e que o único erro que cometi foi o de esquecer o documento justamente por estar preocupada com a prova já mencionada e a essas horas perdida, decidi que precisava me pronunciar.

    - Policial Nilméia, eu gostaria de protestar.
    - Pois não.
    - O motivo pelo qual eu não estou carregando meus documentos é, na verdade, mais culpa da senhora do que minha. Explico: eu não me sinto segura deixando os documentos no carro, porque sei que a qualquer momento ele pode ser roubado, como aconteceu com um tio e um primo só neste último semestre. Também não levo sempre a minha carteira de motorista na bolsa, porque caso eu seja assaltada, como já aconteceu duas vezes no último ano, serei novamente obrigada a refazer os meus documentos, sendo que a licença de motorista sozinha, custa quase cinquenta reais. Deixo sempre, portanto, o documento do carro e a carteira juntos e, como este carro é usado por duas pessoas na minha casa, cada vez que alguém vai sair, deve lembrar de pegar o documento do carro. A senhora e todos esses policiais aqui, por sua vez, enquanto poderiam estar prestando os serviços para os quais foram inicialmente contratados - tentando evitar roubos e assaltos - estão ocupados em distribuir multas para quem teve um lapso de memória. Reconheço, no entanto, que a senhora provavelmente obedece ordens, e não está aqui multando pessoas porque quer. Portanto, se vivéssemos em um mundo ideal e a culpa viesse em gráficos, acredito que a senhora, os policiais aqui presentes, os seus superiores, os superiores deles e eu, deveríamos todos dividir o valor da multa e acho, honestamente, que a parte que me caberia pagar seria a menor de todas.
    Tenha um bom dia.